O descarte de lixo hospitalar deve ser feito com bastante cuidado e atenção. Afinal, segundo as normas da Anvisa, cada tipo de material — seringas, luvas, curativos, medicamentos, bolsas de sangue etc. — deve ser descartado de forma diferente.
Vale lembrar que quando falamos em lixo hospitalar, estamos nos referindo a todos os resíduos originários do atendimento a pacientes em qualquer estabelecimento de saúde, como clínicas, consultórios, necrotérios, laboratórios, entre outras instituições.
O descarte incorreto de materiais provenientes desses locais representa um grave risco à saúde humana e ao meio ambiente. Aliás, as pessoas estão cada vez mais atentas às principais práticas e ações voltadas para a sustentabilidade. As empresas que deixam essa questão de lado são ignoradas pelos consumidores e, consequentemente, perdem mercado para a concorrência.
Apesar de o assunto ser tratado com responsabilidade pela maioria das clínicas e hospitais, muitas unidades de saúde ainda não dão o devido fim ao lixo. Neste post, você vai conhecer as principais regras, cuidados e recomendações sobre o tema. Continue a leitura desse artigo e descubra como separar os resíduos!
Existe alguma regra para o descarte de lixo hospitalar?
Embora muitas instituições de saúde ainda não façam o descarte de forma correta, existem uma série de normas que estabelecem como devem ser acondicionados os resíduos hospitalares. Basicamente, as regras são feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Clínicas, consultórios, hospitais, laboratórios, necrotérios e outros estabelecimentos que executam atendimento médico-hospitalar devem ficar atentos à legislação, a fim de não causar danos à saúde pública.
Afinal, tais diretrizes têm a função de evitar problemas ao meio ambiente e prevenir acidentes que possam ocorrer com os profissionais durante a coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinação dos resíduos.
Como são classificados os resíduos hospitalares?
Para descartar o lixo hospitalar de forma adequada, o primeiro passo é separar os resíduos de acordo com suas classificações — para, então, armazená-los em um local seguro e encaminhá-los para processos de desinfecção, se necessário.
Existem diferentes tipos de resíduos, como os potencialmente infectantes, os químicos, os rejeitos radioativos e também os resíduos comuns e perfurocortantes. A resolução de número 33 da Anvisa contempla uma classificação e separação desses objetos. Confira:
Grupo A
O grupo A é formado pelos resíduos potencialmente infectantes, que apresentam agentes biológicos com risco de infecção, como bolsas com sangue contaminado, carcaças de animais e outros. Esse agrupamento é subdividido da seguinte forma:
- Grupo A1: são resíduos que contém micro-organismos, como bolsas de transfusão, sobras de amostras ou materiais com líquidos corporais, entre outros.
- grupo A2: carcaças de animais que possam apresentar risco epidemiológico;
- grupo A3: partes de seres humanos e produtos de fecundação sem sinais vitais;
- grupo A4: nesse grupo entram materiais como gazes, kit de linhas arteriais endovenosas, entre outros;
- grupo A5: já o grupo 5 refere-se às excreções, secreções e outros líquidos gerados por pacientes.
Por que há essa subdivisão no grupo A?
Como os resíduos do grupo A são altamente perigosos, o descarte deve ser realizado de forma separada e identificada, conforme as orientações da Resolução de número de 306 de 2004 (Anvisa). As normas especificam, entre outras coisas, que:
- os lixos infectantes devem ser identificados (conforme símbolo disposto na NBR-7500 da ABNT) e acondicionados em um saco branco;
- os sacos plásticos com lixos infectantes jamais devem ficar em contato com o chão;
- as carcaças de animais deverão ser acondicionadas separadamente. Além disso, elas devem ser congeladas por 24 horas antes de serem descartadas;
- não é permitido colocar os sacos plásticos com lixo infectante em elevadores, corredores ou outras dependências do hospital. É obrigatório a presença de uma lixeira externa exclusiva para essa finalidade;
- os resíduos só serão recolhidos pela equipe de limpeza se estiverem dentro das normas.
Grupo B
O grupo B é composto pelos resíduos químicos, que tenham substâncias capazes de causar risco à saúde ou ao meio ambiente. Independentemente de suas características inflamáveis, corrosivas, reativas ou tóxicas, esses elementos devem ser separados dos demais. Bons exemplos desse grupo são os medicamentos para o tratamento de câncer e substâncias usadas para revelar radiografias.
Segundo a Anvisa, os resíduos do grupo B devem ser acondicionados em sacos plásticos que contenham o símbolo de risco, além da discriminação das substâncias químicas e frases de alerta (como “perigo”).
Grupo C
Já o grupo C é formado pelos rejeitos que contêm níveis radioativos acima de determinados limites e que não podem ser utilizados novamente, como é o caso de materiais para exames de medicina nuclear.
Os resíduos do grupo C devem ser despejados em um saco contendo o símbolo internacional da radiação ionizante (trifólio de cor magenta), em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos. Além disso, a expressão “rejeito radioativo” deve estar presente.
Grupo D
O grupo D, por sua vez, são os resíduos considerados comuns: luvas para realização de procedimentos, materiais que podem ser reciclados, como os papéis. Portanto, é possível dizer que o grupo D contempla os materiais que não possuem nenhum tipo de contaminação e, assim, não podem causar grandes acidentes.
Grupo E
Por fim, há o grupo E, formado por objetos perfurocortantes. Esse tipo de material exige um grande cuidado para ser armazenado e descartado. Afinal, são instrumentos que podem provocar cortes, como é o caso dos bisturis e das agulhas, aumentando o risco de infecção.
Por esse motivo, é obrigatória a presença da frase “resíduo perfurocortante” no local onde ficam armazenados os lixos do grupo E. Além disso, é necessário que os sacos contenham o símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenhos e contornos pretos — assim como acontece com o grupo A.
Quais são os níveis de exigência para a coleta do lixo?
Todo material descartado em ambiente hospitalar é propício à disseminação de agentes tóxicos e contaminantes, como vírus e bactérias. Portanto, o descarte deve seguir padrões determinados pela Anvisa, como aqueles publicados em Normas Regulamentadoras (NRs) e em Resoluções da Diretoria Colegiada (RDCs).
A seguir, nós separamos os principais documentos sobre o tema. Confira:
Além de ficar atento às normas, é preciso realizar treinamentos constantes nos funcionários envolvidos com o manejo e descarte do lixo, explicando os riscos de contaminação e como utilizar as técnicas, os materiais e os equipamentos corretos para a limpeza hospitalar.
Por isso, é extremamente importante contar com serviços de qualidade na gestão do lixo hospitalar. A contratação de uma empresa especializada é sempre a melhor alternativa.
Com todo o material separado e bem acondicionado, é possível evitar inúmeros acidentes — não só em relação aos funcionários dos hospitais, mas também àqueles que coletam e transportam todo o lixo para os locais de descarte.
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
É necessário destacar a Resolução da Diretoria Colegiada de número 33 da Anvisa que, em seu capítulo V, estipula que todo gerador de resíduos hospitalares deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).
O PGRSS deve contemplar informações sobre a segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, garantindo os cuidados mínimos para a saúde pública. No site da Anvisa, há o Manual de Gerenciamento de Resíduos com mais informações sobre as exigências e detalhes da elaboração desse documento.
Quais os perigos do descarte incorreto do lixo hospitalar?
Em 2017, o Césio-137 — como ficou conhecido o maior desastre radiológico do mundo — completou 30 anos. A catástrofe, que aconteceu em Goiânia, espalhou uma porção de cloreto de césio por toda a cidade. Ao todo, quatro pessoas morreram, 51 foram contaminadas e mais de mil afetadas.
O desastre ocorreu porque uma clínica abandonada da capital de Goiás descartou incorretamente um aparelho usado no tratamento contra o câncer. Esse foi o caso mais famoso de descarte inadequado de lixo hospitalar, mas é importante lembrar que o lixo não precisa ser radioativo para gerar sérios danos à saúde da população.
De acordo com um estudo feito pelo Hospital Albert Einstein, os resíduos infectantes (grupo A) são os que oferecem maior risco. Quando há o descarte incorreto, pessoas e animais ficam expostos à contaminação, o que pode gerar a proliferação de diversas doenças.
Além disso, quando esses materiais entram em contato com o solo ou com a água (rios, lagos, lençóis freáticos etc.) eles podem gerar sérios danos ao meio ambiente. Afinal, a contaminação tende a se espalhar com maior facilidade, prejudicando a todos os seres vivos (plantas, árvores, peixes, humanos etc.) que entram em contato com essa água.
Isso sem falar nos objetivos cortantes, que podem contagiar catadores de lixo. Com tantos perigos assim, quem é gestor de uma unidade de saúde deve ter responsabilidade e compromisso com o bem-estar de toda a sociedade — além, é claro, do cuidado ambiental.
Mas afinal, como descartar o lixo corretamente?
Para realizar o descarte de lixo hospitalar corretamente, em primeiro lugar, deve ser feita a separação dos resíduos, utilizando os 5 grupos listados anteriormente. Depois, é necessário ter um local para armazenamento temporário — onde os materiais ficarão acondicionados e isolados até serem coletados por uma empresa especializada.
Vale ressaltar que, para descartar ou eliminar o lixo infectante, é preciso treinar os funcionários — essa é uma exigência do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
A seguir, veja duas práticas bastante comuns nas unidades de saúde brasileiras:
Incineração
Geralmente, as instituições de saúde realizam a incineração do lixo. Trata-se de um processo que transforma os resíduos em cinzas, por meio de altas temperaturas.
O ponto negativo da prática é que as cinzas formadas contaminam a atmosfera, aumentando a poluição do ar. Esse processo gera gases ainda mais tóxicos do que os produtos incinerados. É o caso do dióxido de carbono, grande responsável pelo efeito estufa, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio — que podem causar chuva ácida.
Esterilização
Uma alternativa válida é realizar a esterilização dos materiais. Trata-se de um aparelho — chamado de autoclave — que mantém o resíduo contaminado em contato com um vapor de água sob pressão, em temperaturas entre 105 e 150 ºC. Esse processo é capaz de matar todos os micro-organismos prejudiciais à saúde humana, animal e ambiental.
Embora seja eficiente, essa prática exige um alto custo, sendo pouco utilizada. A saída encontrada foi a colocação do lixo em valas assépticas, mas nem sempre há espaço o suficiente para a grande quantidade de resíduo hospitalar produzido. Infelizmente, o que ocorre, muitas vezes, é o descarte inadequado e sem separação.
Qual a solução mais viável?
Como pudemos ver, o descarte de lixo hospitalar deve ser feito com muita responsabilidade e cuidado. Não é à toa que existe uma série de normas sobre o tema.
Por isso, é essencial ter um bom gerenciamento do lixo hospitalar — não importando o tamanho da sua clínica. Nesse sentido, é preciso organizar os recursos físicos e financeiros do hospital, capacitar os profissionais envolvidos no descarte e ter locais adequados para realizar o armazenamento e o transporte dos materiais contaminados.
Além de caro, fazer tudo por conta própria pode dar muito trabalho. Por isso, o ideal é contratar uma empresa de gestão de resíduos, pois ela vai garantir a padronização, a segurança e a eficiência do serviço — tudo dentro das regras estabelecidas pela Anvisa.
Como a coleta de lixo é uma área que exige o emprego de expertise humana e tecnologias apropriadas, é importante contar com uma empresa que ofereça treinamentos específicos a seus funcionários, para o atendimento a hospitais e serviços de saúde. Assim, é possível garantir o cumprimento de todas as normas técnicas e legais, e ainda oferecer um atendimento de qualidade para os pacientes e familiares.
Por isso, antes de terceirizar o serviço, pesquise a reputação da empresa e prefira aquela que tem experiência no setor hospitalar — não se esqueça de analisar quem são os antigos clientes da contratada. Além disso, procure saber se a organização possui o selo de Certificação em Higienização e Desinfecção Hospitalar ISO 9001. Isso vai garantir que todos os processos da companhia terceirizada estão dentro das normas.
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