Resíduos de serviços de saúde, também conhecidos como resíduos hospitalares ou lixo hospitalar, são qualquer detrito produzido por instituições de saúde, como hospitais, laboratórios, farmácias, consultórios, ou qualquer outro lugar que haja perigo de transmissão de infecção.
Hoje iremos falar sobre o alto risco de contaminação que tais resíduos podem causar aos seres humanos e ao meio-ambiente, já que os materiais hospitalares podem provocar e disseminar doenças e alterar o solo e a água.
Classificação
Primeiro de tudo, para entender as consequências da má gestão do lixo hospitalar, você deve entender primeiro quais são e como são produzidos esses resíduos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), estabelecem regras nacionais para a separação, acondicionamento e tratamento desses resíduos. Começando pela separação dos mesmos em cinco classes. São elas:
- Grupo A – Potencialmente infectantes: são aqueles que contêm agentes biológicos e que apresentam risco de infecção como: bolsas de sangue contaminadas, membranas e excreções.
- Grupo B – Químicos: materiais que contenham substâncias químicas e que sejam capazes de causar risco a saúde humana, animal e ao meio ambiente, exemplos: resíduos saneantes, desinfetantes e desincrustante; medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias utilizadas para revelação de exames.
- Grupo C – Rejeitos radioativos: materiais que possuam radioatividade em carga acima do normal, que não possam ser reutilizados, como: exames de medicina nuclear ou radioterapia.
- Grupo D – Resíduos comuns: qualquer lixo hospitalar que não apresente estar contaminado, ou seja, sem a presença de riscos biológicos químicos e radioativos, como: gessos, luvas, gazes, materiais passíveis de reciclagem e papéis.
- Grupo E – Perfurocortantes: os materiais que podem causar cortes e perfurações, como: agulhas, escalpes, lancetas e ampolas.
Riscos ambientais e biológicos
Segundo um estudo feito pelo Hospital Albert Einstein, o maior risco ambiental do lixo hospitalar é representado pelo chamado lixo infectante, que são representados pelos resíduos com sangue, fluídos, secreções e excreções humanas; tecidos e peças anatômicas, tanto humana quanto animal; além de material proveniente de áreas de isolamento (como o que acontece com os pacientes do COVID-19).
O contato deste tipo de material com o ambiente pode provocar contaminações no solo, causando danos à vegetação, e na água, comprometendo rios, lagos e até mesmo lençóis freáticos.
Há estabelecimentos que não fazem a separação deste material, que acaba indo parar nos aterros sanitários com o lixo normal ou para a fossa.
Outro grande causador do problema são os resíduos perfurocortantes, quando o descarte é feito de forma incorreta e são levados para aterros comuns, ocasionam grandes riscos aos catadores de lixo, que podem ser contaminados com o contato desses materiais.
A contaminação pelos lixos químicos, atualmente, chega até ao fundo do mar, como mostra o estudo da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, que detalha o achado de resíduos químicos proibidos em amostras de pequenos crustáceos que residem nas zonas abissais.
“Encontrar estas substâncias contaminantes em um dos locais mais escondidos e inacessíveis da Terra nos faz perceber o impacto devastador a longo prazo do ser humano sobre o planeta”, considera Alan Jamieson, pesquisador da Universidade de Newcastle.
A coleta e descarte desse tipo de lixo, hoje em dia, fica sob responsabilidade dos próprios hospitais, mas não podemos jogar toda a culpa neles. Afinal, os remédios e itens de saúde que usamos no dia a dia também não podem ser jogados no lixo comum.
Assim sendo, devemos levar esses medicamentos aos pontos de coleta apropriados. Eles encontram-se em algumas farmácias, hospitais e supermercados. Esse material recolhido, acondicionado segundo normas que variam em função do grau de periculosidade dos produtos, é levado a um aterro próprio.
Já os rejeitos radioativos, compostos por materiais diversos, expostos à radiação; providos de laboratórios de análises clínicas, radioterapia e medicina nuclear, precisam receber tratamento prévio antes de serem armazenados, tanto de forma temporária, quanto definitiva e não podem ser manuseados sem a obediência às normas de segurança da Anvisa.
Isso porque, o risco deriva da exposição ocupacional e daqueles que são expostos aos rejeitos das fontes seladas, quando descartadas. Enquanto estão em uso os possíveis efeitos danosos da radiação produzida pelos aparelhos de hospitais podem ser determinados e os riscos evitados. Mas quando são estocados esses efeitos não podem mais ser determinados com tanta precisão e podem causar danos à saúde.
O armazenamento correto dos resíduos radioativos é fundamental para que as pessoas não se contaminem. No armazenamento temporário, o material não deve ficar diretamente no chão, mas em recipientes apropriados, resistentes e impermeáveis, de acordo com a NBR 9191/2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), além de ser proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.
Quando o material é recolhido por uma empresa especializada, geralmente ela mesma incinera o material. O destino dos resíduos geralmente é o solo, envolto em material adequado e recoberto com concreto, para não afetar as pessoas e nem o meio ambiente.
Agora, os resíduos comuns, separados do resto dos resíduos hospitalares, ficam sujeitos ao mesmo sistema de recolhimento do restante da cidade, indo parte para reciclagem e parte para a coleta normal, que inclui apenas o material orgânico destinado ao aterro sanitário.
PGRSS
Não é necessário que o próprio local de saúde faça um tratamento prévio do lixo. Porém, é importante haver, antes mesmo da coleta, um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), que estabelece critérios na separação e no manuseio do lixo hospitalar, garantindo que o descarte seja feito de acordo com a classificação dos materiais.
Todas essas substâncias são geralmente espalhadas pela natureza pelo descarte incorreto e as penalidades para as casas de saúde, e qualquer outro local que não siga os critérios aprovados pela Anvisa, podem variar desde a emissão de autuações e multas até a interdição parcial, total ou permanente da organização.
Além de ficar atento às normas, é preciso realizar treinamentos constantes com os funcionários envolvidos com o manejo e descarte do lixo, explicando os riscos de contaminação e como utilizar as técnicas, os materiais e os equipamentos corretos para a limpeza hospitalar.
Neste texto falamos sobre os impactos dos resíduos hospitalares na saúde pública. Caso queira se aproximar mais nesse assunto, recomendamos nosso texto Quais são os principais cuidados na coleta de lixo hospitalar?. Fique a vontade também para assinar nossa newsletter para receber mais conteúdos úteis.